BALANÇO SEMANAL CNC — 27 a 31/07/2020
Cafeicultura brasileira terá o menor juro de toda historia
Alinhamento da cadeia permitiu recomendação para redução da taxa a até 5,25% a produtores e cooperativas, abaixo do Plano Safra
Na terça-feira, 28 de julho, o Conselho Nacional do Café (CNC) organizou uma reunião virtual de alinhamento com a cadeia produtiva da cafeicultura. Diante do atual cenário econômico impactado pela pandemia do novo coronavírus e do nível da taxa Selic, as lideranças do setor foram unânimes em propor a redução dos juros do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) já para a safra atual, com o objetivo de manter a atratividade para agentes e tomadores.
“A proposta estruturada pelos segmentos implica juros máximos de até 5,25% para produtores e cooperativas de produção, abaixo dos 6% das linhas do Plano Safra. Isso será possível por meio da redução da remuneração do Funcafé a 2,25%, mesmo nível da Selic, mais spread bancário flexível de 0% até 3%”, explica o presidente do CNC, Silas Brasileiro.
Segundo ele, os juros para industriais e exportadores também tiveram proposta para redução, para o máximo de 6,75%. “As indústrias e o comércio contarão com uma taxa muito competitiva, já que a remuneração de 2,25% do Fundo é válida para as linhas de aquisição de café (FAC) e capital de giro. O spread permanece flexível entre 0% e 4,5%”, completa.
Na safra 2020, a taxa máxima atual para cooperativas e produtores é de até 6% (3% para o Fundo e 3% de margem aos agentes) e, para indústrias e exportadores, de até 7,5% (3% ao Funcafé e até 4,5% de spread).
A sugestão de redução dos juros foi apresentada pelo setor ao governo federal também na terça-feira, durante a reunião do Comitê Técnico do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), a primeira coordenada pelo novo secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), César Halum.
“A sinalização foi muito positiva à nossa proposta por parte do secretário Halum e de sua equipe, que vêm tendo uma conduta excelente na estruturação de uma política pública para o café. Com a nossa sinergia e a objetividade do governo, vamos obter a menor taxa de juro da história para a cafeicultura, beneficiando, principalmente, o produtor”, destaca.
Com a possibilidade de negociar o spread com as instituições financeiras, o presidente do CNC recorda que os tomadores poderão ter juros abaixo de 5,25% ao ano nos empréstimos do Funcafé. “Os juros máximos propostos são de até 5,25% e 6,75%, conforme as linhas de financiamento, mas produtores, cooperativas, exportadores e industriais têm a possibilidade de negociar a margem com os agentes”, explica.
Brasileiro anota que a sugestão de corte nas taxas foi encaminhada à área econômica do governo, que também já deu sinais positivos para atender à demanda.
“A redução permitirá a otimização na aplicação dos recursos do Funcafé e beneficiará, principalmente, os cafeicultores do Brasil, mantendo a essência do Fundo, que é fomentar a cadeia produtiva, principalmente os nossos produtores, diante das dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19 e seus impactos no cenário macroeconômico”, conclui.
REPASSE A AGENTES
Nesta semana, os bancos ABC Brasil e BMG receberam, juntos, R$ 413,6 milhões do Funcafé, por meio de contratos assinados com o Ministério da Agricultura. Até o momento, o Fundo já encaminhou R$ 4,046 bilhões a 23 instituições financeiras.
PAGAMENTO À OIC
Durante a reunião do Comitê Técnico do CDPC, o secretário Halum manifestou que vem se esforçando para o Brasil honrar o pagamento de suas anuidades à Organização Internacional do Café (OIC). “Esse é um pleito da cadeia produtiva para que o país, maior produtor mundial, possa se manter no organismo, com seus direitos a voz e voto, e contribuir para o equilíbrio e à sustentabilidade da cafeicultura mundial”, informa Brasileiro.
O presidente do CNC cita que a postura adotada pelo novo secretário vem ao encontro da coesão de pensamento existente entre os representantes do setor privado. “Ver que a gestão pública está alinhada aos pleitos da cadeia produtiva nos passa a segurança que nossa atividade segue em excelentes mãos, sob a condução de Halum, de todo o staff do Mapa, capitaneado pela ministra Tereza Cristina, e do governo federal como um todo”, encerra.
Café mantém retomada no mercado internacional
Preços foram puxados pela fraqueza do dólar frente ao real e por sucessivas rupturas de níveis de resistências
Os contratos futuros do café arábica esticaram os ganhos no mercado internacional em uma movimentação técnica, com o rompimento, de forma sucessiva, de importantes resistências, como US$ 1,00, US$ 1,05, US$ 1,10 e, na quinta-feira (29), US$ 1,15 por libra-peso.
A maioria dos analistas informa que o avanço foi puxado pela fraqueza do dólar. Outros também citam, em menor proporção, que o registro de seca nos cafezais teria fornecido suporte. Na Bolsa de Nova York, o vencimento set/2020 encerrou a sessão de ontem a US$ 1,1535 por libra-peso, acumulando alta de 695 pontos. Já na ICE Europe, o vencimento set/2020 caiu US$ 18, negociado a US$ 1.340 por tonelada.
O dólar comercial deve encerrar o mês de julho com desvalorização de aproximadamente 5% na comparação com o real, nível que, caso confirmado, representaria a maior queda mensal deste ano. Desde o começo de 2020, contudo, a moeda acumula evolução em torno de 30%. Ontem, a divisa fechou a sessão a R$ 5,1591, com baixa de 0,9% frente à sexta-feira anterior.
Em relação ao clima, a Somar Meteorologia informa que está dentro dos padrões para a época, mantendo-se frio e seco e apresentando alguns períodos de elevação de temperaturas. Segundo o serviço, não há possibilidade de frio extremo ou chuvas em excesso nos próximos dias, o que deve favorecer o andamento da colheita no Brasil.
No fim de semana, pode ocorrer precipitações apenas entre o Espírito Santo e o nordeste de Minas Gerais. Nas demais áreas da Região Sudeste, as temperaturas voltam a aumentar de forma gradual, mas ainda são esperadas manhãs frias nas áreas com altitudes mais elevadas.
No mercado físico, compradores mais ativos e vendedores estimulados pela alta do preço no spot fizeram com que aumentasse a liquidez. Os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon tiveram incremento de 6,8% e 1,4%, respectivamente cotados a R$ 541,57/saca e a R$ 365,34/saca.