A pesquisa segue sendo o trunfo para o sucesso dos cafés do Brasil
Por Silas Brasileiro, Presidente do Conselho Nacional do Café (CNC)
Recentemente, foram comemorados os 137 anos do Instituto Agronômico (IAC). É essencial refletirmos sobre o imensurável valor da pesquisa na cafeicultura e a inestimável contribuição dos pesquisadores ao longo dos anos. A história da agricultura brasileira, e particularmente da cafeicultura, está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento científico e tecnológico promovido por instituições de pesquisa como o IAC, a Embrapa, a Embrapa Café, entidades estaduais (Emateres, Fundaccer, Epamig, Empaer, Incaper, Centros de Excelência do Café em Minas Gerais – Machado, Patrocínio, Varginha e Viçosa) e privadas (Procafé), entre outros.
A pesquisa agronômica é a base sobre a qual se constrói o futuro da agricultura. Desde a sua fundação, o IAC tem desempenhado um papel fundamental no avanço das práticas agrícolas, desenvolvendo tecnologias e cultivares que transformaram a cafeicultura brasileira. O marco de 1150 cultivares criadas ao longo de 137 anos é uma prova irrefutável da dedicação e competência de seus pesquisadores. Este trabalho não apenas aprimorou a produtividade e a sustentabilidade das lavouras, mas também posicionou o Brasil como líder mundial em diversas culturas, especialmente o café. Fazemos questão de destacar também a grande contribuição do pesquisador, doutor Alcides Carvalho, que fez uma verdadeira revolução na pesquisa cafeeira no IAC, deixando obras registradas que até hoje são referência para todos da cafeicultura.
A Embrapa e a Embrapa Café, por sua vez, complementam e potencializam esses esforços, promovendo a pesquisa e inovação em âmbito nacional. O alto investimento em pesquisa e conhecimento, realizado por meio do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), tem sido fundamental para assegurar o desenvolvimento contínuo e a competitividade da cafeicultura brasileira no cenário global.
Assim, a cafeicultura brasileira não apenas sobreviveu, mas prosperou através da incorporação contínua de inovações e tecnologias. A introdução de novos métodos de manejo, como sistemas e práticas de cultivos sustentáveis, destaca o compromisso do setor em adaptar-se às mudanças climáticas e mitigar seus impactos. Temos que destacar também o investimento em pesquisa agrícola pelas universidades públicas e particulares.
Ainda sobre o Funcafé, ao direcionar recursos substanciais para a pesquisa, garante que novas tecnologias e práticas sustentáveis sejam continuamente desenvolvidas. Este apoio financeiro viabiliza projetos que abordam desde a melhoria genética de plantas até o manejo de pragas e doenças, passando pela inovação em processos pós-colheita e agregação de valor ao produto final.
Ademais, o apoio contínuo do Fundo – que aportou recursos na ordem de R$ 400 milhões de reais nos últimos anos – através da Embrapa Café, e atuação constante de entidades estaduais (Emateres, Fundaccer, Centros de Excelência do Café – Machado, Patrocínio, Varginha e Viçosa) e privadas (Procafé), resultou no desenvolvimento de variedades de café mais resistentes a doenças e condições climáticas adversas.
Entendendo essa importância, em 2024, o Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) decidiu destinar R$ 17,6 milhões à Embrapa Café para pesquisa e capacitação de técnicos.
Os avanços obtidos graças ao investimento em pesquisa refletem-se diretamente na qualidade e produtividade das lavouras de café. Hoje, o Brasil é reconhecido mundialmente não apenas pela quantidade, mas pela qualidade do seu café, um feito alcançado através do trabalho árduo e da dedicação de nossos cientistas e pesquisadores.
Em momentos de celebração como este, é imprescindível reconhecer e homenagear todos os profissionais que, com seu conhecimento e paixão, contribuem para o desenvolvimento da nossa agricultura. Em nome da querida Massako Toma Braghini, Mako, renomada e dedicada pesquisadora que recebeu a Medalha Franz Wilhelm Dafert, merecidamente, homenageamos todos aqueles que trabalham direta ou indiretamente para a evolução da pesquisa, do conhecimento e da tecnologia no café, fazendo uma menção honrosa ao Dr. Alcides Carvalho.
Fica registrado nossa admiração pelas instituições que representam o melhor do espírito inovador brasileiro. Seus legados são testemunho do poder transformador da ciência e da pesquisa.
Que possamos continuar a investir e acreditar na pesquisa agrícola, garantindo que o Brasil mantenha sua posição de vanguarda na produção de café e em outras culturas. E que a dedicação e o trabalho dos nossos pesquisadores sejam sempre reconhecidos e valorizados, pois eles são parte sine qua non do sucesso da nossa cafeicultura.
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