CNC destaca Programa Café Produtor de Água em encontro internacional sobre economia circular

O Conselho Nacional do Café (CNC) participou, no dia 16 de julho, do encontro do Circular Economy Working Group promovido pelo Centro de Economia Circular do Café (Center for Circular Economy in Coffee – C4CEC). O evento, realizado de forma virtual, reuniu mais de 55 membros internacionais para discutir iniciativas sustentáveis no setor cafeeiro.

O CNC apresentou os avanços do Programa Café Produtor de Água, iniciativa que tem ganhado destaque por promover a conservação hídrica e recuperação de matas ciliares, valorizando os serviços ambientais prestados pelos cafeicultores brasileiros.

O presidente do Conselho Nacional do Café, Silas Brasileiro, destacou a crescente relevância internacional da iniciativa: “O Programa Café Produtor de Água tem alcançado uma notoriedade cada vez maior no cenário global, o que demonstra que a sustentabilidade não é apenas uma tendência, mas uma exigência do nosso tempo. Ver esse projeto sendo apresentado e debatido entre lideranças internacionais nos enche de orgulho e reforça nosso compromisso com uma cafeicultura responsável, que respeita o meio ambiente, valoriza nossas cooperativas e nossos produtores. Estamos construindo um legado que transcende fronteiras e contribui, de fato, para o futuro do planeta”.

Durante a apresentação, a assessoria técnica do CNC destacou os desafios enfrentados pelo setor que impulsionaram a criação do programa, bem como o engajamento das cooperativas associadas ao CNC. Foi ressaltada a importância da água como um recurso estratégico para a cafeicultura e para o planeta, e evidenciado o impacto positivo do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) na adesão das cooperativas, dos produtores, das Prefeituras Municipais e dos consórcios de água na continuidade das ações de preservação.

Além do CNC, a Cooxupé também compartilhou experiências ligadas à economia circular. A gerente ESG da cooperativa, Natália Carr, apresentou duas iniciativas: o aproveitamento da casca e restos de polpa do café para a produção de bioplástico, e a implementação local do próprio Programa Café Produtor de Água.

O evento contou ainda com uma apresentação de David Lenny Waweru, proprietário da Ruwawa Farm, no Quênia, que demonstrou como tem integrado práticas circulares em sua produção. Entre os destaques, estão o uso de polpa de café e esterco bovino para gerar biogás, a consorciação do café com outras culturas e a criação de animais, promovendo microclimas mais equilibrados e o reaproveitamento de resíduos na adubação e geração de energia.

O encontro foi coordenado por Katherine Oglietti, co-coordenadora do C4CEC, e contou com a participação de representantes de instituições como a UNIDO (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial), Fairtrade International, Neumann Gruppe USA e outras lideranças do setor global.

A participação brasileira ocorre em um momento estratégico. Em 2024, o governo federal instituiu a Estratégia Nacional de Economia Circular (ENEC), com o Plano Nacional de Economia Circular (PLANEC 2025–2034), que prevê 71 ações estruturadas voltadas à sustentabilidade, com prioridade para setores como a agricultura. O agro é reconhecido por seu potencial de reuso de resíduos, geração de biomassa e regeneração de sistemas naturais — e a cafeicultura tem liderado esse movimento com práticas como compostagem, uso de subprodutos, bioinsumos, energias renováveis e até logística reversa, como no caso do Sistema Campo Limpo, que já recolhe mais de 90% das embalagens de defensivos agrícolas no país.

Ao conectar conservação ambiental, produtividade e valorização do agricultor, o Programa Café Produtor de Água materializa os princípios da economia circular e se alinha aos desafios globais da sustentabilidade. Segundo o CNC, o objetivo agora é ampliar parcerias e levar esse modelo a novas regiões do Brasil, contribuindo para a construção de uma cafeicultura regenerativa, circular e resiliente.

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