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BALANÇO SEMANAL CNC — 05 a 09/03/2018

CNC debate cenários futuros para a sustentabilidade econômica da cafeicultura brasileira e confirma seminário de estatísticas com diretor executivo da OIC

ESTATÍSTICAS — Na sexta-feira passada, 2 de março, o Conselho Diretor do CNC se reuniu em Ribeirão Preto (SP), oportunidade na qual se definiu o dia 11 de maio para a realização do Seminário de Estatísticas de Café – Aprimoramento Doméstico e Alinhamento Internacional, que contará com a presença do diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), José Sette, em Brasília (DF).


O encontro é resultado dos contatos iniciados em novembro de 2017 com o principal representante do organismo internacional e tem o objetivo de conhecer a metodologia utilizada pela OIC para estimar os números que tem divulgado sobre o café do Brasil, em especial os relacionados a produção e estoques e buscar, junto às instituições públicas nacionais de pesquisa, um alinhamento da estratégia para que haja convergência dos números (mais informações no Balanço Semanal de 12 a 16/02 - http://www.cncafe.com.br/site/interna.php?id=13929)


A reunião do Conselho Diretor também envolveu debate sobre uma série de questões referentes à cafeicultura brasileira, visando a um melhor posicionamento a ser adotado pelo setor para manter sua competitividade e ampliar seu market share, as quais são apresentadas na sequência.


COMPETITIVIDADE — A discussão sobre como o País pode ser mais competitivo na produção de café e ampliar sua participação no mercado internacional gerou a conclusão de que quem "faz a qualidade" é o consumidor, uma vez que há público para todos os tipos e sabores da bebida. Nesse cenário, destacou-se que é importante estar atento à diversidade e compreender que há espaço para todas as qualidades de café.


A questão da diversidade também foi mencionada, havendo consenso que o conceito “one stop shopping” – encontrar no mesmo local uma ampla gama de produtos – é muito valorizado. Para isso, no entanto, é necessário entender as peculiaridades de cada região produtora e as interações entre colheita e pós-colheita e o que isso pode oferecer ao consumidor. Embora o Brasil tenha bancos de germoplasma bastante completos, não se pode ignorar os 'BAGs' de outros países, sendo preciso refletir sobre como a interação e a troca de conhecimentos pode beneficiar a cafeicultura nacional.


Presente no debate, o gerente agrícola de cafés da Nestlé, Pedro Malta, anotou que a diversidade é muito importante porque diminui a complexidade logística da indústria de comprar em origens diferentes. "Se um café suave centro-americano puder ser encontrado no Brasil, certamente a indústria preferirá comprar tudo aqui, ao invés de ter que administrar três ou quatro pontos de compra".


Ele completou que, no que se refere a serviços, a transparência de mercado favorece a realização de negócios no País, sendo oportuno que as instituições apresentem especificações das origens cafeeiras e permitam que os consumidores conheçam com mais intensidade regiões brasileiras ainda pouco conhecidas.


CUSTOS DE PRODUÇÃO — O debate foi voltado a encontrar soluções que reduzam os gastos para cultivar café e, a esse respeito, chegou-se ao entendimento de que investimento em tecnologia é fundamental, envolvendo genética e sistemas de monitoramento das áreas produtivas.


Também foi alertado que o uso da tecnologia requer educação, por isso é importante o aumento do investimento realizado pelas cooperativas em capacitação de produtores, haja vista que a velocidade de disponibilização de novas tecnologias é alta.


Os conselheiros também foram informados que é fundamental saber quem vai usar a tecnologia, garantindo que seja aplicada corretamente, pois a sua má aplicação causa efeito reverso de elevar o custo e reduzir a sustentabilidade.


Outro aspecto apresentado foi que permanece o dilema do médio produtor: ser grande demais para dar conta do serviço com o trabalho familiar e pequeno demais para arcar com investimentos expressivos em tecnologias.


Como uma alternativa de solução a este problema, o representante da Nestlé propôs o processo de diferenciação do café, de forma que se alcance um preço médio levemente superior do que este produtor médio vem experimentando.


Diferente solução exposta foi o uso da tecnologia de comunicação para aproximar o produtor do consumidor final estrangeiro, seguindo uma tendência mundial de comércio através de plataformas similares aos serviços oferecidos por Uber, Airbnb, Hinode, Netflix, Spotify, ifood, entre outras, as quais aproximam os consumidores e seus interesses aos produtos que lhes interessam.


Os conselheiros expuseram, ainda, que o investimento em cafés diferenciados encarece a produção e o volume cultivado é pequeno, que há necessidade de qualificação dos cafeicultores para terem ciência de seus custos e, por fim, o crescente aumento nos gastos, apesar dos ganhos de eficiência do produtor brasileiro, o que resulta em margens muito estreitas.


Sobre esse ponto, entendeu-se que os cafés diferenciados, mesmo "mais caros", servem de mola propulsora aos demais tipos produzidos (não diferenciados), pois trazem notoriedade às origens cafeeiras.


Encerrando este debate, o presidente executivo do CNC recordou de um importante trabalho realizado pelo Conselho, em parceria com CNA e OCB, que evitou o aumento da tarifa de importação sobre importantes ingredientes ativos utilizados na cafeicultura, resultando em um maior encarecimento nos custos.


ESTÍMULO AO CONSUMO — O lançamento de um programa que incentive o crescimento do consumo mundial de café, no âmbito da OIC, foi visto com bons olhos por todos. Há a crença que um projeto nesse sentido, no seio da Organização Internacional, é uma excelente iniciativa, pois há formas inteligentes e efetivas para estimular o consumo que já foram usadas no passado e podem ser atualizadas.




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